Ivan Baptiston - Chefe do Parque Nacional
A criação do Parque Nacional do Iguaçu foi coroada por uma magnífica história, que começou há muito tempo, especificamente no ano de 1542, com a chegada do primeiro europeu na região, o ousado e persistente aventureiro e navegador espanhol Dom Alvar NunezCabeza de Vaca, que estava à procura do rio da Prata para alcançar Assunção no Paraguai.
Logo, a viagem se transformou num emocionante rafting pelas ligeiras e ainda desconhecidas – “águas grandes”, como eram chamadas as Cataratas do Iguaçu pelos índios tupi-guarani.
“Ao descer o rio chamado Iguaçu, a correnteza era tão grande que as canoas corriam com muita fúria, por causa disso, muito próximo de onde se embarcou, o rio dava um salto por um despenhadeiro altíssimo e a queda dágua tinha um baque tão forte que de longe se ouvia; como a espuma caía com muita força, espirrava e subia alto”.Assim estava registrada pela primeira vez na história a existência das maravilhosas Cataratas do Iguaçu.
Mais tarde, o abolicionista e engenheiro de ferrovias André Rebouças, ousou defender, em 1886, a criação de um Parque Nacional na região, envolvendo as Cataratas do Iguaçu e as Sete Quedas localizadas no rio Paraná, hoje alagadas pelo reservatório da Usina Hidrelétrica de Itaipu. Mas não foi ouvido.Sua idéia conservacionista era moderna demais para aqueles tempos no País.
Um brasileiro inventor, que gostava de voar alto em seus pensamentos e em suascriações, Alberto Santos Dumont, visitou a região da fronteira do Brasil e da Argentina, vindo de barco a vapor da capital Buenos Aires. Convidado para conhecer o lado brasileiro das Cataratas, ficou hospedado por três dias num pequeno hotel de madeira, o Hotel Brasil, localizado às margens das quedas, terras que eram posse de Jesus Val, um aventureiro uruguaio. Tal hotel nunca tinha recebido hóspede tão importante.
Ficou para sempre na história da criação deste Parque quando sugeriu ao Governador do Paraná que “estas terras não poderiam pertencer a um particular”, terras onde se encontravam as Cataratas do Iguaçu.Sugestão acatada pelo então Governador Afonso de Camargo, criando em 1916, através de decreto estadual um “povoamento e um parque”.
Muitos anos se passaram até o Presidente da República do Brasil, Getúlio Vargas, em 1937, criar o primeiro Parque Nacional do Brasil, o Itatiaia, localizado no Rio de Janeiro e finalmente, o Parque Nacional do Iguaçu, em 1939, o segundo Parque Nacional do País, estabelecido 5 anos mais tarde que o vizinho Parque Nacional Iguazu na Argentina.
Na década de 40, foi construida uma pequena hidrelétrica para abastecer os cerca de 3 mil moradores da cidade. No mesmo período foram implantados o aeroporto, estrada de acesso, a sede do Parque, residências de funcionários, trilhas e pontes, além de um hotel de luxo.
A conservação chegou de fato bem mais tarde, nos anos 80, com a elaboração do primeiro Plano de Manejo feito no País, junto com o arcabouço da legislação ambiental brasileira. O Brasil dava seus primeiros passos rumo ao desenvolvimento sustentável. A Unesco declara o Parque Nacional do Iguaçu, em 1986, Patrimônio Natural da Humanidade, chamando a atenção do mundo para as belezas cênicas das Cataratas e também para a rica biodiversidade existente na região.
No final da década de 90, o Parque passa por uma nova transformação. Em virtude da crescente demanda turística e da necessidade de atender com qualidade os visitantes, preceitos cada vez mais utilizados nos Parques Nacionais espalhados pelo mundo, num esforço inédito e pioneiro no País, concedeu-se parte de suas áreas para serem concessionadas para atividades turísticas privadas.