Parque Nacional Marinho Fernando Noronha completa 25 anos

Reconhecido pela sua beleza cênica, Parque recebeu inúmeros investimentos ao longo deste período que o tornaram um dos pontos turísticos mais requisitados do Brasil.

Conhecido por suas belas praias, piscinas naturais e por sua biodiversidade, o Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha comemora em setembro 25 anos de criação. É uma das maiores áreas marinhas protegidas do Brasil e reconhecidamente a de maior beleza cênica, seja pelos recursos naturais existentes no arquipélago ou pelos sítios arqueológicos, que contam mais de 500 anos de história do Brasil.

Administrado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), o Parque evoluiu muito ao longo desse período, sobretudo na área de proteção dos ecossistemas marinhos e terrestres, fauna e flora e demais recursos naturais – desde 2001 o Parque é reconhecido e tombado pelo UNESCO como Patrimônio Histórico e Natural da Humanidade. Além disso, houve uma melhora significativa da qualidade dos serviços e da infraestrutura para os turistas, que tornam um dos mais cobiçados destinos do Brasil.

Há dois anos, Ricardo Araújo é responsável pela gestão do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Ele comemora os 25 anos do parque, com ênfase para o fortalecimento na relação com a comunidade da ilha e a implantação do serviço de concessão, o que possibilitou novas instalações para os turistas. Mas acredita que ainda há muita coisa a ser feita, principalmente na área da educação para as crianças da ilha. “As crianças são os futuros agentes sócio-políticos da ilha. Elas devem ter maior acesso a programas extracurriculares e outras iniciativas que auxiliem na sua formação. São os futuros agentes de transformação da ilha.”, afirmou Araújo.


Quais as principais mudanças registradas no Parnamar durante a sua administração? 

Ricardo Araújo - Estamos dando continuidade a um trabalho de equipe que trouxe importantes mudanças, como a implantação da concessão do parque, um maior diálogo com a comunidade noronhense, a implantação de um sistema de monitoramento de atividades de uso público, além de outras pequenas atividades do dia a dia que mudam a vida dos usuários. 

Como tem sido a interação entre o Parnamar e a população local para a preservação da unidade de conservação ao longo desses 25 anos?

Ricardo Araújo - Esta integração ocorreu desde a criação do Parque. Hoje temos uma comunidade muito participativa na preservação da unidade. 

Quais as benfeitorias realizadas no Parnamar em prol do incremento do turismo na Ilha?

Ricardo Araújo - Hoje a política do Parnamar é voltada para a melhoria da qualidade da visitação e da experiência do visitante. Nesse contexto, a requalificação das trilhas e estruturas do Parque é um ponto a se destacar. Ainda, sanitários limpos, serviços de qualidade, preço adequado, atendimento ao turista nos pontos de visitação e folheteria são exemplos de melhorias, todas elas com a preocupação de reduzir os impactos ambientais. 

Sabemos que existe capacidade máxima para visitantes. Mas como tem sido a visitação a Unidade ao longo destes 25 anos? A visitação cresceu na medida em que o Parnamar ganhou melhorias? 

Ricardo Araújo - A visitação do Parque é bastante estável. O que nós almejamos é um pequeno crescimento no número de visitantes, principalmente nos períodos de baixa estação. 

Fernando de Noronha possui uma incrível biodiversidade. É possível afirmar que a estrutura do parque possibilitou uma aproximação do turista a natureza, de forma sustentável?  

Ricardo Araújo - Sem dúvida. A melhor acessibilidade do visitante aos pontos de visitação possibilita uma maior interação dos visitantes aos atrativos naturais. 

De que é formada a biodiversidade no Parnamar? Quais as espécies que só são encontradas aí na região? 

Ricardo Araújo - Temos várias espécies endêmicas no Parque, como as aves Sibito e a Cocoruta, a Mabuya que é um lagarto muito comum em todos os lugares. Além disso, a fauna aquática é composta por uma grande diversidade de espécies de peixes, corais e vida associada. 

Que iniciativas e projetos de preservação da biodiversidade local você destacaria?

Ricardo Araújo - Existem dois projetos de longa data dentro do Parnamar. Os projetos Tamar e Golfinho Rotador se dedicam muito a pesquisa e proteção de Tartarugas e Golfinhos, com excelentes resultados. 

Como você avalia as parcerias público-privadas para a gestão dos Parques Nacionais?  

Ricardo Araújo - Dentro do contexto Politico-institucional em que as unidades de conservação se encontram hoje, entendo que é a alternativa mais viável para dotar o parque de infraestrutura, manutenção e serviços de qualidade. Entretanto, é necessário um aporte inicial de investimentos em estudos e em recursos humanos para que a unidade possa dar as respostas técnicas, administrativas e políticas para o bom andamento da parceria.

No Parque temos várias parcerias com a iniciativa privada acontecendo. Além da Econoronha, temos três empresas de mergulho, treze barcos operando passeio, quatro empresas de foto subaquáticas e duzentos e oitenta contratos com condutores de visitantes. São estas parcerias que possibilitam a qualidade do acesso dos visitantes a todos os espaços de uso público do parque, com segurança e impacto ambiental mínimo.

A parceria do Parnamar com a Econoronha tem trazido resultados para o desenvolvimento da infraestrutura na unidade de conservação? Quais as principais melhorias que você ressaltaria?  

Ricardo Araújo - A parceria com a Econoronha tem sido muito positiva. A experiência que a empresa já tinha ao tratar com Parques Nacionais e suas peculiaridades e o profissionalismo com que trata as questões que levamos a eles foram grandes diferenciais.  Para o parque esta parceria foi fundamental, pois as novas estruturas, além de ambientalmente corretas, dão grande conforto e auxílio à visita. Se pensarmos somente na acessibilidade para pessoas com dificuldade de locomoção, como cadeirantes e idosos, a mudança foi radical. Hoje estas pessoas acessam as principais trilhas e mirantes do Parque sem dificuldades. 

No ano que vem teremos Copa do Mundo e o Parnamar é um dos Parques da Copa. Como o Parnamar está se preparando para receber estes turistas? Serão realizadas melhorias visando receber este visitante específico da Copa do Mundo?

Ricardo Araújo - O Parque está muito bem posicionado em termos de infraestrutura para receber os visitantes da Copa. Até o ano que vem, vamos receber mais duas novas estruturas que são os PICs da Atalaia e do Leão. As atividades náuticas como mergulho, Navi e passeio de barco, também têm estrutura compatível com a qualidade internacional. Nosso maior desafio como um todo é falar a língua do visitante.  

Qual sua expectativa para o Parnamar nos próximos cinco anos? Que futuros projetos devem sair do papel?

Ricardo Araújo - No futuro podemos esperar uma crescente qualidade da experiência dos visitantes, pois vamos aprimorar todas as atividades que hoje são realizadas dentro Parque. O objetivo é que, além de recreação e lazer, as atividades sejam veículos promotores de sensibilização ambiental. Outro objetivo é que nosso centro de visitantes ganhe uma exposição que fale da ilha como um todo, e ressalte os aspectos de grande relevância que são culturais, históricos e, claro, ambientais.

Por fim, entendo que é uma obrigação da ilha como um todo trabalhar para que as crianças da escola - que são os futuros agentes sócio-políticos da ilha -, tenham maior acesso a programas extracurriculares. Iniciativas que auxiliem na sua formação como agentes de transformação da ilha. Assim, vamos transformar o mirante do boldró em um centro de educação ambiental vivenciada para auxiliar nesta questão.

Centro de visitantesTransporte. Foto: Alysson Borges.Trilhas. Foto: Alysson Borgeslojas Foto: Alysson Borges.deck porto canoas. Foto: Alysson Borges.Restaurante porto canoas. Foto: Alysson Borges.